Sento-me na borda da cama e descalço-te os sapatos com cuidado enquanto me contas o teu dia. Sei-te demasiado cansado, a tua roupa amarrotada de viagens de metro, secretarias e computadores. Ouço o teu respirar ofegante enquanto fechas os olhos e deito-me ao teu lado. Copio a tua postura, de olhos fechados sentimos-nos mais leves! Ficamos assim em silêncio, e o respirar toma conta do quarto e das luzes da cidade que lá fora se levantam. E depois... depois aproximas-te lentamente da minha boca, os nossos olhos aproximam-se lentamente e cada vez mais próximos até se unirem num único olhar. E assim olhamos um pouco mais além sem termos de o dizer mutuamente. As nossa respiração confunde-se no nosso sabor, e já não sabemos o que é parte de mim e de ti. Somos um único corpo, um único respirar... lentamente morremos quando nos voltamos a separar mas afogados numa morte bela.
Sem comentários:
Enviar um comentário