terça-feira, 11 de novembro de 2008

A força da manif!

(a fraca coluna!)

"Mais de cem mil pessoas na rua contra alguma coisa é uma manifestação que mete respeito. O motivo tem de ser muito forte. Uma birra dos sindicatos não é suficiente para mobilizar tantas pessoas. E foi isso que se passou no sábado. O protesto foi muito para além da razão anunciada.
Bruno Proença
Para os sindicatos, o que estava em causa nesta jornada de luta era a avaliação. Para os professores, era a sobrevivência. Os mais de cem mil estão a tentar garantir o emprego. A luta é nobre. Mas escolheram a estratégia errada e uma companhia – os sindicatos – ainda pior. Vamos por partes. Contra a força da demografia, é difícil lutar. A população em Portugal está a decrescer. Há menos crianças e, portanto, são necessários menos professores. Este fenómeno, já bem perceptível no ensino primário – basta ver o número de escolas que fechou nos últimos anos – vai chegar aos outros níveis de ensino. Portanto, há professores a mais. É preciso reconvertê-los. A avaliação é apenas uma parte deste problema. A avaliação vai permitir seleccionar os melhores. Escolher os que merecem continuar a dar aulas e a ensinar os nossos filhos. Assim, a luta contra a avaliação não é legítima. Todas as pessoas em todas as áreas da vida são avaliadas. Os professores avaliam os alunos. Porque não podem ser avaliados? Porque devem ser uma profissão à parte? Qual é o direito divino que lhes garante as progressões automáticas na carreira? Quando não há avaliação, há um nivelamento por baixo. Ganham os medíocres. Os professores respondem que não estão contra a avaliação mas sim contra o modelo. Pois a impressão que fica do discurso dos seus representantes – os sindicatos – é que nenhum modelo será suficientemente bom. Todos terão defeitos: demasiado simplistas ou pesados e burocráticos. Conclusão: vai-se empurrando a situação com a barriga. Os professores não querem aceitar a realidade. É normal. A resistência à mudança é própria da natureza humana. Fazem mal. O pior é meter a cabeça na areia. É preferível ter uma atitude construtiva e preparar a mudança. Só assim se melhorará a dignidade da profissão e as condições de trabalho para quem continuar a dar aulas. Neste momento, os sindicatos fazem parte do problema e não da solução. A sua atitude é racional mas, ainda assim, não é justificável. Eles sabem que a função pública é a sua última trincheira. Onde ainda têm força. Mas usarem esse poder desta maneira é um suicídio. A chantagem sobre o Governo – usando o argumento das eleições – a propósito da avaliação é revelador dos seus propósitos. Mais do que resolverem os problemas dos professores, querem manter o ‘status quo’ e fazer combate político. Isto não enobrece as suas posições. Bem pelo contrário. Ninguém coloca em causa a sua relevância na sociedade mas, com este tipo de estratégia, é só tiros no pé. Se não estivesse em causa a educação, a situação de guerrilha e ruptura até poderia ser tolerável. Não é. Para garantir o seu desenvolvimento, o país precisa de um bom sistema educativo. Que transmita conhecimento e, talvez mais importante, que ensine a pensar e forme cidadãos. Para isto, os professores precisam de condições e motivação. Portanto, pede-se responsabilidade a todos: Governo, professores e sindicatos. Mantenham linhas de diálogo e cheguem a consensos. Senão, no fim, perdem as crianças que não têm a possibilidade de fugirem das escolas públicas. E, claro, os professores."
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