Desenvolvo movimento entre a parede e teu corpo. Gosto de te sentir perto de mim. Sabes o que é segurares na tua pele, sentires por todo o teu corpo um arrepio só por saberes que alguém te respira o perfume? Passo ao de leve os meus braços pelo teu pescoço e puxo-te para mim. O meu cabelo foi cuidadosamente penteado duas horas antes, caracóis entrelaçam-se e caiem sobre as minhas costas antes de tu chegares. Agora já nada importa. Estás aqui e o meu cabelo despenteado contra a parede branca solta os meus pensamentos que voam como andorinhas negras pintadas no papel de parede... A luz baixa faz reflectir sombras e a tua silhueta sobressai. Adoro os teus olhos e no escuro perco-me neles. Silêncio, aqui só fica um abraço longo e suave. Pintei as minhas unhas de vermelho, balanceio a anca... a música leva-me e deixa-me a alma à mostra. Sinto-me mulher hoje e apetece-me transpirar tudo o que tenho dentro deste corpo, desta alma, depois tomar um banho na chuva que nos une. Porque quando chove proteges-me debaixo da tua sombrinha. Dispo-me e despeço-me de todo o superficial. Assim me entrego a ti, naturalmente mulher, a ti minha vontade. Sabes o que significa desejo? Sabes o que é sentir o mundo estremecer debaixo dos pés? Alguma vez sentiste medo da tua própria força de vencer? Sabes do que falo? Faz o que queres de mim. Entrego-me e rendo-me ao teu encanto, ao teu cheiro que me envolve, ao teu perfume. Tu, meu anjo, suportas as minhas asas, a ti te entrego a minha capacidade de voar, leva-me contigo quando fores e vieres nesse movimento lento. Sustem-me a respiração com um beijo, não me deixes expirar o ar que colocaste dentro de mim. Quando voares leva o meu corpo para além do horizonte imaginável. Para onde o mundo acaba e onde podemos ser tudo. Tudo... aquilo que ninguém conhece e que tu me mostraste em segredo. Tudo aquilo que podemos ser e em que nos podemos transformar. Sinto-me animal, sinto-me selvagem, fora de mim. Fogo dentro de mim, ardo como uma fogueira, ardo e desenvolvo a chama que se acende lentamente. Tudo arde. Esse tudo que nos pertence. Querido nunca senti algo tão forte. O coração bate-me nas extremidades do meu corpo. Quer sair, sair de mim e na próxima vez vai conseguir fugir. Eu deixo que ele se solte e se entregue ao desconhecido. Arrisque uma vez mais o nada a que pertence. Não há a perder quando se devolve um sorriso tão grande como o que me entregas. Entrega-te a mim que o meu sorriso transporta toda a minha bondade e o quanto te quero. Estou distante do mundo... Estou diante de ti. Com os cabelos perdidos entre o branco da parede, entre os sonhos que criamos e que afinal são um pouco diferentes do que aparecia na almofada laranja e azul... mas agora é verdadeiro, real, e estou diante de ti. Todo o meu corpo pede por ti e já demoraste demasiado tempo.
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