domingo, 9 de janeiro de 2011

Monólogo

Nunca sei, nem nunca soube começar conversas… Fico a observar os momentos com vontade de falar, de encontrar a palavra certa para iniciar um diálogo, que na maior parte das vezes não deixa de ser um monologo, pois mantenho-me em silêncio. Medo de quebrar as ideias? De não as conseguir expor como vão cá dentro? De não saber como as dizer, porque penso muito mas não em como dizer as coisas. E sai sempre de forma desajeitada e confusa. Receio de interromper aquilo que me dizem, para não deixar mal entendidos, por não querer perder nenhuma expressão acompanhada de determinada palavra ou vírgula ou ponto-e-vírgula (porque geralmente não existem pontos finais na conversa; um ou outro ponto de interrogação). Quando me perguntam “não achas?” , ou “percebes?”, ou “concordas?”, eu respondo o mais curto que me lembro: “sim.”. Não é que não seja verdade, apenas pouco desenvolvido. Um dia as próprias palavras vão vingar-se de mim e vão falar por mim um monólogo meu, onde vou ser capaz de dizer tudo o que penso, cometer injurias, errar, não ser politicamente correcta, dizer que gosto e que não gosto, gritar de fúria, rir alto de alegria, ser desajeitadamente verdadeira e sincera comigo mesma. Pode ser que descubra o quão bem me conheço.

Agora compreendo o porquê do “Sabes,…” ou do “Olha,…”.

Um dia vou começar uma conversa com “Lembra-te sempre do que te vou dizer agora:…”

Amanhã talvez… Hoje tenho muito que aprender, escutando.




Peaches - Talk to me

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