quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O Beijo

Gustav Klimt, 1907


Não sou especialista em arte, nem tão pouco considero que saiba aprecia-la devidamente. Mas tenho a minha opinião e declaro-me, portanto, capaz de a exprimir. Olhando para este quadro, que desde cedo me fascina, continuo a gostar dele com a mesma intensidade desde a primeira vez que o vi. Para mim, este quadro é muito peculiar na forma como o artista capta o momento íntimo de um beijo de dois amantes. Não se trata de um beijo nos lábios, de ardente paixão, mas sim um beijo na face, onde o carinho e o amor se depositam com a delicadeza e suavidade do momento. Repare-se na posição das mãos dos dois, o segurar da face da amada que está ali mesmo deitada, mas segura por uma busca de saudade, de pertença saudável, de querer bem. A amada que, de pulso delicado coloca elegantemente a mão sobre a dele, como se aquele poisar fosse a única maneira de o sentir ali consigo. A outra mão entrelaça a força da paixão, o prazer de sentir o seu amado ali, ao seu lado. Envolta no seu pescoço. Os olhos fechados significam a mais pureza do sentimento, o não necessitar de ver o outro para saber que esta ali consigo em corpo e em espírito... a confiança, o deixar levar-se pelo sentimento... O ombro desnudo da mulher a sensualidade, o arrepiar de prazer. O braço fino indica a delicadeza, a elegância da figura feminina. Os ornamentos florais no cabelo aclamam a natureza, a beleza do acto, tão natural, tão puro e verdadeiro. As flores, que belas soltam seu perfume e chamam pelo desejo. Os pés da rapariga estão encolhidos, com força, tal é o prazer do acto, tal a entrega, o despejar de amor naquele momento. Nada mais que um momento, tão curto, tão demorado. Que dura há precisamente 102 anos e perdura no tempo, eternamente.

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