quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Respirar os dias normais

Levantei-me, depois de uma noite bem dormida, coisa que já não fazia a algum tempo. Acordei, levantei-me e depois de um banho relaxante apeteceu-me sair para passear nas ruas da Baixa e comer castanhas enquanto "Ray Charles" tocava para mim. "I got a woman"...



Balançar ao som da música que só eu ouvia, mas toda a gente a minha volta se movimentava parecendo seguir um ritmo comum. Já é este dia-a-dia que me é familiar e onde me sinto ser eu mesma. Sem questões sobre se pertenço ou não aqui, insiro-me no meio da multidão onde toda a gente se desconhece. Mas toda a gente se aceita igual nas pequenas coisas. Nem que seja só seguir de um ponto para outro da cidade. Independente de ideias. Ser eu própria cada dia, sem ligar a intrigas. Sentir-me bem com o ser quem sou. No meu meio, que é de toda a gente, mas também um pouco meu.
Visto o meu casaco preto, comprido, que me esconde e aconchega lá dentro, subo sempre a gola para parecer mais "in" e ponho as mãos nos bolsos onde guardo os meus segredos.
Fecho a porta de casa, sem bater... Odeio bater com portas. Só depois verifico se trouxe a chave... não vá o diabo tece-las, mesmo que não tivesse trazido já cá estava fora sem vontade nenhuma de voltar a entrar. Desci as escadas aos pulinhos para aquecer. Tropeço sempre no último degrau. Por mais vezes que ali passe.
Ao sair, sinto uma fria aragem que hoje sabe bem. Gela-me a cara, já nem sinto o nariz, mas isso é o inverno não é? Então porque não aproveitar, dar valor ao facto de tal maravilha da natureza existir? Deixai-o estar com o seu vento frio, a sua chuva, a neve. Ver como é belo todos os dias porque acontece naturalmente.
O passeio está molhado e parece que estreita lá á frente. Perspectivas da rua-perpendicular onde moro, onde os passeios são mais pequenos lá a frente mas depois alargam para nos deixar passar. Digo "Olá!" ao senhor da mercearia, que muito espantado responde um olá com sorriso rasgado. Deve ter sido o primeiro olá que ouviu hoje visto ser tão cedo. Linha-Verde até a Baixa. Mas aqui não. Talvez noutro dia...

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