sexta-feira, 24 de abril de 2009

Chaga



Ornatos Violeta

porque me ensinas coisas bonitas :)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Espaços de Alma

O dedilhar da guitarra deixa no ar mil notas, que ficam ali perdidas à espera que alguém as encontre e lhes atribua um significado. Ali, suspensas, chagam a ecoar de tão vazio o espaço que pretendem ocupar.

Guardei-lhes o meu coração, hoje...




Lula Pena

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Nas folhas que baloiçam
Ao fundo na paisagem,
Deixo minha alma.
Que a leves na viagem,
Oh cavaleiro que passas
Galopante de esperança!

Quem me dera ter coragem
Para erguer minha vontade.
Entoa-la com a voz
E seguir.
Sem medos, sem dores,
Como esta que me aperta.

Hoje aporto num cais
Onde os navios morrem lentamente.
Aqui ancoro minhas asas,
Nestas águas turvas do Tejo,
Sujas de sonhos esquecidos...

Aqui afogo minha alma,
Como um navio perdido.

domingo, 5 de abril de 2009

Queria um Bilhete para Castelo Branco para as 16h30min com Desconto Cartão Jovem

Hoje estive aproximadamente duas horas só a observar. Dediquei-me a olhar para quem passava. Sentei-me num banco vermelho de metal no terminal da rodoviária e fiquei a observar quem parava naquelas bandas. De todas as idades, de todos os géneros (que já são bastantes nos dias de hoje), de vários estilos de estar, de vestir, de andar, até de correr...
Pessoas que procuravam algo, outras que já sabiam o que buscavam, outras que estavam ali só porque tinham mesmo de estar. Dedicadas as mais diversas tarefas, desde quem ali trabalha todos os dias, até a um rapaz que não parava de correr de um lado para o outro a transportar os objectos mais imprevisíveis: bicicletas sem rodas, blocos gigantes de cartão que se aprontou a espalhar pelo chão e a cola-los todos com fita-cola adesiva.
Assim que me dirigi ao terminal para comprar o bilhete de autocarro para o meu destino, fui atendida por uma senhora, 35 anos provavelmente, com cabelo preto muito escorrido e com os olhos muito bem pintados, gestos mecanizados e nem precisava de olhar para o teclado para marcar o lugar que me pertencia no autocarro. "Aqui tem. Obrigada e boa tarde." - disse sem levantar os olhos que consegui ver porque me olhou uma vez quando me demorei um pouco mais a fazer o meu pedido do que o tempo que era habitual. Lá me dirigi, carregada de malas, para o meu banquinho que estava a minha espera. Tanto tempo lá estive sentada que os buracos quadrados do feitio do banco, me ficaram marcados nas pernas e dormentes que elas estavam... fiquei ali durante duas horas, impávida e serena, direita, sem vontade de me mexer a ouvir as conversas que se passavam ao meu lado...
Uma senhora que se sentou mais ou menos a meu lado, com os seus 60 anos, de cabelo arranjado e a vista algo estragada, por detrás de uns óculos muito grossos, uns olhos relativamente estrábicos mas muito expressivos. As mãos tremiam ligeiramente, mas seguravam com força na sua carteira. Atendeu o telemóvel, do outro lado falava-lhe o filho, e a sua voz tremia. Era uma voz estridente, tremida, mas depois de desligar não mais a ouvi. Até me esqueci que lá estava, quase a meu lado.
Ao longe comecei a focar um casal, diferente... Ela era muito alta, com um estilo um pouco alternativo mas que lhe ficava bem, cabelo preto, longo, desalinhado de propósito, uns olhos enormes e um nariz arrebitado, tinha imensas sardas na cara, mas tinham algo de bonito. O namorado era mais baixo, tinha uma deficiência no andar, mas ali vinham os dois de mão dada, naturalmente, eram felizes assim. Ele com a sua barba e cabelo encaracolados, lenço ao pescoço, calças largas e rotas de lado. Sentaram-se num carrossel de menino onde ficaram a namorar.
Do outro lado do banco dois rapazes de mochila de acampar, tatuagens que lhes cobriam os braços, os dois de t-shirt verde e sapatilhas amarelas. Cabelos desalinhados e olhos muito claros. Enquanto enrolavam umas mortalhas iam cantarolando músicas em duas vozes.
Depois reparei nas meias de uma rapariga que passava no momento, às bolinhas. No baton vermelho de uma senhora, no grupo de velhotes que vieram numa excursão a cidade, e na família feliz que passeava ao fundo com um violino, no riso estridente de um bebe, no riso estridente da sua mãe, no chapéu de um rapaz que passava na altura…
Depois a minha paragem…