Não sei escrever, apenas gosto de escutar os meus pensamentos. Alguns que nem sei que os tenho (como este mesmo que me sai tão naturalmente como me lembro de palavras que tenham algum sentido juntas). Adoro o acaso e, às vezes, sofro por ele... por esperar sempre por um acaso bonito que me alegre o dia sem buscar nada de mais. Permaneço esperando que ele venha, que me surpreenda com a sua elegância de entrar no meu dia e me fazer pensar que sou algo importante para o acaso dar conta que na minha vida há pequenos momentos dignos da sua presença. É um acaso... enfim... nada de importante, mas quando vou na rua passear, seja o que for, sempre vou tomando atenção a pequenas coisas. Às vezes sinto-me cheia de pensamentos importantes e reflicto, essencialmente é isso... outras vezes penso em coisas vazias, como por exemplo "porque estará esta pedra do passeio nesta posição" ou "será que a senhora que acabou de passar gosta mesmo da camisola que traz vestida" ou às vezes penso que estou sempre a pensar pensamentos que começam com algo importante mas rapidamente se tornam em algo sem mínimo interesse.
Não gosto de pontuação e a pouco e pouco apetece-me ir desleixando os acentos e regras gramaticais, voltar com a língua ao mais básico de si, porque o básico é a origem das coisas e isso torna tudo mais verdadeiro e palpável. Eu gosto de palpar algumas palavras e gostava de poder sentir-lhes o poder, de sentir a sua universalidade. Acho que dou demasiada importância ao sentimento que se deposita no modo de escrever porque nada se escreve sem um pensamento e os pensamentos são o fruto de um sentimento ou emoção, então tudo de nós é movido por palavras, pensamentos, sentimentos e emoções e às vezes sinto que tudo isso é esquecido. Apenas escrevo o que me lembro, e junto letras formando palavras, e junto palavras formando frases que alguém encontrará algum sentido ou nenhum... Porque são só palavras.
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